Blog do professor Marcos Bassul que disponibiliza textos sobre música, educação, artes, sociedade e cultura em geral.
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Evolução da educação
Primeiro, achamos que o caminho era dar o peixe. Depois, pensamos que não era isso e demos a vara. Descontentes, descobrimos que devíamos mesmo era ensinar a pescar. Então, poluímos o rio e matamos os peixes.
O professor (conto de Marcos Bassul inspirado em um fato real ) A última vez que se meteu no meio de uma multidão não deixou boas lembranças. Foi no estádio do Mineirão, na final do campeonato. Chegou 10 minutos atrasado, o jogo já tinha começbado. Tinha um ingresso para a Geral (era do tempo da Geral, um anel gradeado em torno do campo onde o público assistia jogos em pé, pagando ingresso mais barato). Acima da geral havia arqubancadas e cadeiras, para quem podia pagar um pouco mais (Gonzaguinha imortralizou com muita graça e maestria em "Geraldinos e Arquibaldos"). Depois de muita esfregação e bundalelês conseguiu um lugar para se acomodar e respirou fundo. Uma vez, duas vezes, três vezes, na quarta, ao dar o impulso inicial para puxar o ar, sentiu algo macio cair meio fofo na sua cabeça e se esvaziar, soltando um líquido quente que escorreu pelo seu rosto no momento em que dava início à...
Tudo começou na escola, da qual, em remotas épocas, não trago muitas lembranças. Lembro sim da primeira professora particular que visitava duas vezes por semana, depois de subir a ladeira do condomínio onde morava em Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Não lembro seu nome, nem seu rosto, mas lembro da dedicação e do carinho que me dedicava quando, ainda criança, iniciava meu trajeto acadêmico. Lembro das histórias em quadrinhos, que lia afoitamente, nas quais, em meio a scrash’s, punt’s e sock’s, aprendi a ler. Lembro de algumas poucas referências de onde estudei quando criança, várias escolas, escolas públicas, uniformes, alguns com gravata, calça de linho e sapatos pretos; provas teóricas e trabalhos pesquisados em enciclopédias e recortes de revistas colados em folhas de papel. Lembro dos lápis com borracha na ponta e da felicidade de comprar uma lapiseira e uma caneta tinteiro. Lembro de saber que minha mãe, antes de se casar, era professora. Lembro do primeiro curso de datilografia...
Em um certo ponto da minha vida acadêmica eu aprendi com Murray Shafer que depois da invenção do motor elétrico a sonosfera do planeta jamais seria a mesma. E o pior é que era verdade. O silêncio não é mais uma opção do indivíduo. A todo o instante há o um ruído de algum motor pairando no ar. Mesmo nos mais recônditos e isolados desertos e mares do planeta, sem ar condicionado, geladeira, automóveis e etc, você está sujeito a ouvir um jato passar sobre sua cabeça a milhares de metros. Isso é o que tinha de ser. Isso é a civilização. De uns tempos pra cá, morando num prédio do Guará I, em Brasília, descobri algo mais infernal e perturbador do que o barulho de um motor a jato: cachorros. Muitos cachorros. Não cachorros nas ruas, sem dono. Esses, pouco se vê por aqui. Cachorros com donos. Cachorros nas casas, cachorros nos apartamentos. Casas com cinco, quatro, seis cachorros. Geralmente cachorros pequenos, tipo bassets, poodles, chihuahuas e outros do tamanho da consciência comunitária...
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