segunda-feira, 6 de maio de 2013

Três contos de Édipo

          Reproduzo abaixo três contos de Esopo, escritos há mais de vinte e oito séculos, e suas respectivas "moral da história", como era comum nas fábulas da época, que mostram o quanto a homem, com toda sua empáfia e falsa inteligência, continua o mesmo.

       



TRÊS CONTOS DE ESOPO (Grécia - Cerca de 550 a.C.)

  
AS MÃOS, OS PÉS E O VENTRE

                Cheios de inveja, os Pés e as Mãos disseram ao Ventre:
                - só você se aproveita dos nossos trabalhos, e não faz outra coisa do que receber nossos ganhos sem ajudar-nos no mínimo que seja. Portanto, escolhe uma destas duas coisas: ou encarregue-se você mesmo da sua manutenção, ou morra de fome.
                Ficou, pois, abandonado o Ventre, e não recebendo comida durante muito tempo, foi perdendo seu calor e ficou debilitado, com o que os demais membros do corpo se enfraqueceram também, foram perdendo as forças até que pouco depois todos eles morreram.

                Ninguém se basta a si mesmo para tudo.


O ASNO E O CACHORRINHO

                Vendo um Asno que seu dono acarinhava muito a um Cachorrinho, porque este vinha ao seu encontro saudando-o com mimos e caretas, disse a si mesmo:
                "Se um animal tão pequeno é tão querido do meu amo e da sua família, muito mais eles iriam agradecer meus carinhos, uma vez que eu valho mais e presto maiores serviços."
                Disso convencido, o Asno, assim que viu o amo chegar, saiu correndo e relinchando do estábulo, e entre pulos e coices pôs-se a bailar na presença do dono. Atônito o homem com tal recepção asnal começou a rir com muita vontade. E o Asno, acreditando que estava no caminho certo, se pôs a relinchar no ouvido do amo, colocou as patas em cima dos ombros dele, sujou suas vestes e tratou de lamber-lhe o rosto. Cansado o dono daquela estranha brincadeira pegou numa estaca e partiu-a nas constas do espantado Asno.

                Causas iguais às vezes têm efeitos desiguais. Geralmente, os néscios pensam agradar quando não fazem outra coisa que  causar desgosto e enfado.


O HOMEM BOM, O FALSO E OS MACACOS

                Dois homens, dos quais era Bom um e o outro Falso, viajando juntos chegaram ao país dos Macacos. O rei destes animais mandou que eles fossem detidos e trazidos a sua presença.
                - o que dizem de mim nos outros países? - perguntou-lhes.
                O homem Falso respondeu-lhe desmanchando-se em elogios, dizendo que ele parecia ser um excelente monarca, sábio e poderoso, e que sua corte estava cheia de grandes cavaleiros e valorosos capitães. O rei Macaco muito deliciou-se com tais lisonjas e ordenou que aquele homem ganhasse uma recompensa.
                Considerando o homem Bom que o Falso conseguira mercês do monarca dizendo mentiras, acreditou o infeliz que seria ainda mais premiado se dissesse a verdade. E em seguida, perguntado pelo rei o que achava dele e dos que o rodeavam, o Bom respondeu sinceramente:
                -Não sois todos nem mais nem menos do que macacos.
                Indignado, o soberano mandou que tirassem a vida do homem Bom.

                Assim caminha o mundo comum. Quem ama ser lisonjeado não aprecia a verdade.



                Compilados do excelente livro Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal, de Flávio Moreira da Costa (org.).




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