Poluição Sonora
Sempre fui um sujeito totalmente contrário à
propaganda em carros de som. Acho uma forma abusiva, já que nem mesmo tapando
os ouvidos conseguimos ficar alheios ao que sai da boca dos outros. Sem contar
que não há nenhum tipo de regulamentação que proteja, por exemplo, os seus
filhos de escutarem o que quer que venha na cabeça dos que produzem os textos.
Suponha que um sujeito resolva liquidar um estoque de armas de brinquedo e saia
por aí divulgando em carros de som. Imagino que grande parte dos pais e da
sociedade em geral não ia gostar disso.
Mas esse é só um ponto. Também há o incômodo, a
invasão sonora, sem refino, sem cuidado, muitas vezes cheia de ruídos, “carro
da pamonha”, “carro da melancia”, “carro do gás”, “carro das panelas”, “carro
do abacaxi”, e por aí vai, fora os que divulgam tudo aquilo que lhes pagam para
divulgar, despejando uma infinidade de produtos de uma infinidade de
estabelecimentos que até confundem àqueles que escutam.
Hoje pela manhã, enquanto lia novamente o delicioso ”Chega
de Saudade” do Ruy Castro, escutei um desses carros divulgando vários produtos
hortigranjeiros. Ouvi que tinha alface a tantos centavos, laranja a tantos
reais o quilo, batata inglesa por tanto, e assim entrou e saiu do meu campo
auditivo durante uns trinta segundos anunciando diversos produtos e, mesmo que
quisesse, eu não saberia quem realmente estava vendendo aquilo e onde porque o
nome do anunciante ele não falou. O sujeito polui o ambiente sonoro, invade sua
residência com a propaganda e o discurso dele e ao final, pelo menos pra mim,
não informou nada. Fosse eu o anunciante teria que “demitir” alguém. É a velha política do desperdício de tempo e
dinheiro que ainda assola o País.
Mas, tudo bem, temos o futebol.
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