Como a maioria das crianças de todo o mundo, meu primeiro contato com a música se deu ainda no berço, embalado por canções de ninar das quais minha mente não tem recordações, mas que, com certeza, deixaram marcas inconscientes.
Meus pais não eram ouvintes de música, o que me deixava como alternativa de audição musical aquelas músicas que rolavam no rádio de pilha de minha mãe, radinho que ouvia enquanto fazia nosso almoço. Aparelho de som, nem pensar!
Aos nove anos de idade, morando em Juiz de Fora, ganhei um cavaquinho de brinquedo, daqueles de plástico com cordas de nylon, de pesca. Para mim foi um deslumbre. A inspiração vinha de uma vizinha, bem mais velha, pela qual eu tinha um certo fascínio, e que era fã de Roberto Carlos. Daí, eu “solava” as melodias do “Rei” na varanda, especialmente pra ela, na vã esperança de chamar sua atenção. Esse idílio platônico se desenrolou até o dia em que um amigo meu, de proporções físicas avantajadas, veio à minha casa e sentou-se em cima do instrumento, que se encontrava no sofá. A visão do companheiro partido em dois foi a última que tive de um instrumento, tão próximo de minhas mãos, por muito anos.
Aos quatorze anos, morando em Brasília, tive um vizinho que tocava bastante amadoristicamente um violão verde, com uma espécie de estrela de várias pontas na abertura. Eu achava lindo! Até que um dia, já trabalhando em uma banca de jornais, consegui juntar uns trocados e comprei o violão verde. Foi a glória. Arranjei alguns professores medíocres, dos quais me livrava rapidamente, até que resolvi tocar sozinho. E fazia isso comprando revistinhas de violão que achava nas bancas. Algum tempo depois, com um emprego melhor, mais experiência e um bom violão na mão, tive contato com professores qualificados, quando comecei a aprender alguns rudimentos de música e a compor algumas ingênuas, mas engajadas canções. Com a descoberta do violão, descobri a MPB, a bossa-nova, e a Tropicália. Então se iniciou um porre de Tom, Vinícius, Caetano Veloso, Gil, Chico e uma infinidade de “novidades”, que surgiam para meu delírio.
Em 1981 (trabalhava no Banco do Brasil desde 1974), mudei-me para Natal (RN), em busca de outros ares, e lá comecei a fazer algumas apresentações em bares. O contato com a música nordestina foi dos mais agradáveis e didáticos e a inauguração da Escola de Música do Milton Nascimento, em Belo Horizonte , foi o “gancho” que faltava para uma decisão: ser músico. De malas feitas, rumo a Belo Horizonte, estudar música. Abandonei o curso de Psicologia que havia começado na UnB e fui estudar música. Fiquei pouco tempo na escola e continuei meus estudos de forma autodidata. Em 1984, no Teatro Municipal de Ouro Preto, estreando, apresentei o show “Coisas da Vida”, somente com músicas de minha autoria.
De lá para cá, muita água rolou e muitas apresentações aconteceram em Minas e Brasília. Hoje, de volta a Brasília desde 1992, licenciado em Música pela Universidade de Brasília, tenho trabalhado menos em bares, o que fiz durante todos esses anos, porque não tenho mais paciência para conviver com a banalização da música, com a desvalorização do músico e com a prepotência de muitos empresários. Eventualmente apresento shows onde procuro mostrar um pouco da música que faço e da música que gosto. Em 2000 me tornei professor concursado do GDF e hoje leciono na Escola de Música de Brasília, por onde passaram e ainda passam grandes cabeças musicais. um cd - Portfólio - em 2004, com músicas de minha autoria e com parceiros que também são meus amigos, e procuro divulgá-lo da maneira que posso. Em 2012 gravei meu segundo cd e em 2014 produzi e dirigi meu primeiro videolipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário