quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Reflexão sobre a percepção de valor intrínseco


Este texto circulou em alguns jornais eletrônicos e foi resgatado e enviado a mim pelo meu aluno Emanuel Souza.

 

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

 Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.  A experiência, gravada em vídeo:   http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

 A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num  contexto.

 Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de  grife.

Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm  com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que  você deve ter, sentir, vestir ou ser? 

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos  sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado,  pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.

Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

 

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