Blog do professor Marcos Bassul que disponibiliza textos sobre música, educação, artes, sociedade e cultura em geral.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Ruídos
"Caminar hacia un modelo ecológico de la ciudad, volver a hacer habitables a nuestras ciudades, implica una gestión positiva del medio sonoro, actuando desde el punto de vista tanto paliativo como preventivo. Conllevará un esfuerzo pero hemos de convencernos de que es realizable: otros lo han conseguido". http://www.ruidos.org/Documentos/El-ruido.html
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Esse texto eu recebi de meu parceirinho Marcos Santana.
"Esse texto é daqueles que merece lido. Não só pelo conteúdo esclarecedor, mas porque denota, de forma simples, uma visão mais racional sobre a realidade histórica das lideranças políticas e culturais desse país – é outro olhar. Serve também àquelas pessoas que, nos momentos que antecedem os pleitos eleitorais, insistem em divulgar informações desprovidas de qualquer conteúdo fático". (MS)
A FOME DE MARINA
Por José Ribamar Bessa Freire
(Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)
Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.
Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.
A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?
O mapa da fome
A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.
Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.
Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.
Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.
Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.
Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil...
Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.
Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.
"Esse texto é daqueles que merece lido. Não só pelo conteúdo esclarecedor, mas porque denota, de forma simples, uma visão mais racional sobre a realidade histórica das lideranças políticas e culturais desse país – é outro olhar. Serve também àquelas pessoas que, nos momentos que antecedem os pleitos eleitorais, insistem em divulgar informações desprovidas de qualquer conteúdo fático". (MS)
A FOME DE MARINA
Por José Ribamar Bessa Freire
(Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)
Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.
Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.
A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?
O mapa da fome
A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.
Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.
Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.
Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.
Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.
Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.
Tudo vira bosta
Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".
Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.
Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?
Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil...
Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.
Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Concerto cabeças - a volta.
Recebido via email do Fórum de Cultura do DF.
“Encontro Cabeças” acontece no dia 14 de agosto no Parque da Cidade com entrada franca
A geração de Brasília que tem hoje entre 40 e 60 anos de idade seguramente lembra, com nostalgia, das tardes de show ao ar livre, regadas a música, teatro, dança, poesia, artes plásticas. Um tempo em que a cidade – muito jovem – mantinha intato seu espírito de modernidade, sua alma pacífica e criativa. Tempos dos Concertos Cabeças. O evento que marcou a história de Brasília, reunindo milhares de pessoas a cada edição e apresentando nomes que depois viraram ícones pop como Renato Russo e Cássia Eller, vai ser lembrado no próximo dia 14 de agosto com um grande show. É o ENCONTRO CABEÇAS, que a partir das 15 horas preencherá de arte a Praça das Fontes do Parque da Cidade. Como nos velhos tempos.
Estarão reunidos no palco artistas e grupos que fizeram parte de toda essa história: Esquadrão da Vida, Reco do Bandolim, Suzana Mares, Rênio Quintas, Ivan Sérgio, Eduardo Rangel, o mímico Miquéias Paz, Jaime Ernest Dias, Carrapa do Cavaquinho, Oficina Blues, Milton Guedes, Maurício, Ticho Lavenere, Renato Matos, Liga Tripa e Grupo Beirão do Forró, além de um revival da banda Mel da Terra, uma das primeiras nascidas na capital brasileira. Durante os intervalos, espaço para os poetas recitarem seus versos.
ENCONTRO CABEÇAS nasceu da idéia do criador e diretor do antigo Concerto Cabeças, o produtor e ator Néio Lúcio. Para homenagear os 50 anos de vida da Capital Federal, nada seria mais apropriado do que trazer à vida o projeto que foi a vitrine mais inventiva das expressões artísticas nas décadas de 70 e 80 na cidade. Projeto que reuniu e revelou músicos, poetas, artistas plásticos, atores, atrizes, bailarinos, performers.
A história dos Concertos Cabeças começa em finais da década de 70, com shows realizados no gramado da 311 sul, onde já funcionava a Galeria Cabeças. Mensalmente, reuniam-se ali jovens de todo o Plano Piloto e cidades satélites, num grande happening cultural. O lugar foi ficando pequeno e surgiu um projeto de itinerância, batizado de Cabeças Grande Circular (homenagem à linha de ônibus mais usada da época). Daí, surgiram eventos regulares realizados na 312 norte (chamados de Panelão da Arte), Gama e Guará. Até que por volta de 1980, Néio Lúcio decidiu transferir o evento para a antiga Concha Acústica do Parque da Cidade, um lugar que estava abandonado e que foi totalmente revitalizado no período.
Pelo palco dos Concertos Cabeças (que aconteceram até 1991, sem a mesma regularidade dos primeiros tempos) passaram todas as principais bandas do rock brasiliense (Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, etc), artistas como Cássia Eller, Renato Matos, Odette Ernest Dias, Nicolas Behr, os grupos Pitu, Liga Tripa, Mel da Terra, Pessoal do Beijo, Dois ao Absurdo e tantos outros que fizeram a história da arte na cidade.
“Queremos que este Encontro tenha os mesmos princípios que norteavam nossos gestos naquele tempo, para que possamos rever o calor humano que nos impulsionava ao exercício criativo“, explica Néio.
Para relembrar os artistas que ajudaram a criar a identidade artística da cidade, toda a cenografia será composta de painéis com fotos da época, mostrando amigos que faleceram e que participaram dos Concertos Cabeças: Cássia Eller, Renato Russo, Paulo Tovar, Aluízio Batata, Kido Guerra, Marcão Adrenalina, Pereira, Cristina Borracha, Vitinho (Victor Max), Nanduca (Fernanda Mee), José Ariosto, Margareth Cabral, Wladimir Murtinho, Ary Pararaios e Cesinha (César Góes), entre outros. Também para ser fiel ao formato original, próximo ao palco será montado um espaço para que poetas, artistas plásticos e fotógrafos possam expor e vender seus trabalhos.
O ENCONTRO CABEÇAS promete ser o primeiro passo de um projeto mais ambicioso. A intenção de Néio Lúcio é criar o MUSEU BRASÍLIA CULTURAL DOS ANOS 70 E 80, com um endereço virtual para a memória cultural desta geração, onde qualquer pessoa possa encontrar informações e imagens da época. Para isso, o produtor está solicitando a todas as pessoas que possuam material, como fotos, matérias de jornais, revistas, vídeos, etc, que façam uma doação para a Associação Cabeças. “Queremos criar o clube do pertencimento“, avisa Néio. O site já disponível e pode ser acessado no endereço: www.cabecas.org.
“Museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas; são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes“, diz Néio Lúcio. “Queremos colocar estes acervos a serviço da sociedade, com o objetivo de propiciar a ampliação de construção identitária, a percepção crítica da realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de lazer“.
Mas o museu não deve ser apenas virtual. Néio Lúcio está pleiteando uma área dentro do Parque da Cidade para erguer um projeto ambicioso que promete criar uma ponte entre o passado e o presente, usando material de arquivo e muita tecnologia.
Serviço: Encontro Cabeças
Local: Praça das Fontes – Parque da Cidade
Data: 14 de agosto de 2010
Horário: a partir das 15 horas
Atrações:
Esquadrão da Vida
Grupo Reco do Bandolim
Suzana Mares
Renio Quintas
Ivan Sérgio e Banda
Eduardo Rangel
Mímico Miqueias Paes
Jaime Ernest Dias e Banda
Grupo Carrapa do Cavaquinho
Grupo Oficina Blues
Milton Guedes e banda
Mauricio, Ticho Lavenere
Renato Matos e Banda
Grupo Mel da Terra
Grupo Liga Tripa
Grupo Beirão do Forró
Entrada: Franca
Classificação indicativa: Livre
“Encontro Cabeças” acontece no dia 14 de agosto no Parque da Cidade com entrada franca
A geração de Brasília que tem hoje entre 40 e 60 anos de idade seguramente lembra, com nostalgia, das tardes de show ao ar livre, regadas a música, teatro, dança, poesia, artes plásticas. Um tempo em que a cidade – muito jovem – mantinha intato seu espírito de modernidade, sua alma pacífica e criativa. Tempos dos Concertos Cabeças. O evento que marcou a história de Brasília, reunindo milhares de pessoas a cada edição e apresentando nomes que depois viraram ícones pop como Renato Russo e Cássia Eller, vai ser lembrado no próximo dia 14 de agosto com um grande show. É o ENCONTRO CABEÇAS, que a partir das 15 horas preencherá de arte a Praça das Fontes do Parque da Cidade. Como nos velhos tempos.
Estarão reunidos no palco artistas e grupos que fizeram parte de toda essa história: Esquadrão da Vida, Reco do Bandolim, Suzana Mares, Rênio Quintas, Ivan Sérgio, Eduardo Rangel, o mímico Miquéias Paz, Jaime Ernest Dias, Carrapa do Cavaquinho, Oficina Blues, Milton Guedes, Maurício, Ticho Lavenere, Renato Matos, Liga Tripa e Grupo Beirão do Forró, além de um revival da banda Mel da Terra, uma das primeiras nascidas na capital brasileira. Durante os intervalos, espaço para os poetas recitarem seus versos.
ENCONTRO CABEÇAS nasceu da idéia do criador e diretor do antigo Concerto Cabeças, o produtor e ator Néio Lúcio. Para homenagear os 50 anos de vida da Capital Federal, nada seria mais apropriado do que trazer à vida o projeto que foi a vitrine mais inventiva das expressões artísticas nas décadas de 70 e 80 na cidade. Projeto que reuniu e revelou músicos, poetas, artistas plásticos, atores, atrizes, bailarinos, performers.
A história dos Concertos Cabeças começa em finais da década de 70, com shows realizados no gramado da 311 sul, onde já funcionava a Galeria Cabeças. Mensalmente, reuniam-se ali jovens de todo o Plano Piloto e cidades satélites, num grande happening cultural. O lugar foi ficando pequeno e surgiu um projeto de itinerância, batizado de Cabeças Grande Circular (homenagem à linha de ônibus mais usada da época). Daí, surgiram eventos regulares realizados na 312 norte (chamados de Panelão da Arte), Gama e Guará. Até que por volta de 1980, Néio Lúcio decidiu transferir o evento para a antiga Concha Acústica do Parque da Cidade, um lugar que estava abandonado e que foi totalmente revitalizado no período.
Pelo palco dos Concertos Cabeças (que aconteceram até 1991, sem a mesma regularidade dos primeiros tempos) passaram todas as principais bandas do rock brasiliense (Legião Urbana, Plebe Rude, Capital Inicial, etc), artistas como Cássia Eller, Renato Matos, Odette Ernest Dias, Nicolas Behr, os grupos Pitu, Liga Tripa, Mel da Terra, Pessoal do Beijo, Dois ao Absurdo e tantos outros que fizeram a história da arte na cidade.
“Queremos que este Encontro tenha os mesmos princípios que norteavam nossos gestos naquele tempo, para que possamos rever o calor humano que nos impulsionava ao exercício criativo“, explica Néio.
Para relembrar os artistas que ajudaram a criar a identidade artística da cidade, toda a cenografia será composta de painéis com fotos da época, mostrando amigos que faleceram e que participaram dos Concertos Cabeças: Cássia Eller, Renato Russo, Paulo Tovar, Aluízio Batata, Kido Guerra, Marcão Adrenalina, Pereira, Cristina Borracha, Vitinho (Victor Max), Nanduca (Fernanda Mee), José Ariosto, Margareth Cabral, Wladimir Murtinho, Ary Pararaios e Cesinha (César Góes), entre outros. Também para ser fiel ao formato original, próximo ao palco será montado um espaço para que poetas, artistas plásticos e fotógrafos possam expor e vender seus trabalhos.
O ENCONTRO CABEÇAS promete ser o primeiro passo de um projeto mais ambicioso. A intenção de Néio Lúcio é criar o MUSEU BRASÍLIA CULTURAL DOS ANOS 70 E 80, com um endereço virtual para a memória cultural desta geração, onde qualquer pessoa possa encontrar informações e imagens da época. Para isso, o produtor está solicitando a todas as pessoas que possuam material, como fotos, matérias de jornais, revistas, vídeos, etc, que façam uma doação para a Associação Cabeças. “Queremos criar o clube do pertencimento“, avisa Néio. O site já disponível e pode ser acessado no endereço: www.cabecas.org.
“Museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas; são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes“, diz Néio Lúcio. “Queremos colocar estes acervos a serviço da sociedade, com o objetivo de propiciar a ampliação de construção identitária, a percepção crítica da realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de lazer“.
Mas o museu não deve ser apenas virtual. Néio Lúcio está pleiteando uma área dentro do Parque da Cidade para erguer um projeto ambicioso que promete criar uma ponte entre o passado e o presente, usando material de arquivo e muita tecnologia.
Serviço: Encontro Cabeças
Local: Praça das Fontes – Parque da Cidade
Data: 14 de agosto de 2010
Horário: a partir das 15 horas
Atrações:
Esquadrão da Vida
Grupo Reco do Bandolim
Suzana Mares
Renio Quintas
Ivan Sérgio e Banda
Eduardo Rangel
Mímico Miqueias Paes
Jaime Ernest Dias e Banda
Grupo Carrapa do Cavaquinho
Grupo Oficina Blues
Milton Guedes e banda
Mauricio, Ticho Lavenere
Renato Matos e Banda
Grupo Mel da Terra
Grupo Liga Tripa
Grupo Beirão do Forró
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